O diretor acusado de assédio sexual por pelo menos 13 trabalhadoras do Banrisul foi desligado por justa causa do banco. Na semana passada, uma notificação extrajudicial com a decisão foi enviada a Gabriel Marchiori. Em outubro de 2023, o SindBancários de Porto Alegre recebeu denúncias de uma estagiária e de bancárias sobre situações de assédio praticadas por Marchiori, que dirigia a Banrisul S.A .Administradora de Consórcios.
Diretoras do Sindicato acolheram as trabalhadoras e encaminharam o apoio jurídico, além de efetuar a apuração dos fatos e cobrar o Banrisul para que tomasse providências imediatas. Os casos foram levados pela entidade ao Ministério Público do Trabalho (MPT), que abriu um inquérito civil. Outro inquérito tramita na Polícia Civil, com investigações a cargo da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). O SindBancários segue acompanhando os desdobramentos das denúncias a nível criminal e civil.
O Banrisul também realizou uma apuração interna, que culminou na decisão do desligamento do diretor. Em novembro, Marchiori havia sido destituído da função que ocupava, de alto escalão na Administradora de Consórcios, e acabou voltando ao quadro do banco, sem função gratificada. Na ocasião, o diretor apresentou atestado médico para afastamento de 90 dias.
Entidades cobram medidas de combate ao assédio no Banrisul
No intuito de coibir novos casos e facilitar as denúncias de assédio moral e sexual, uma mesa de negociação foi instaurada para debater sobre políticas efetivas de combate a essas práticas no Banrisul. O SindBancários e a Fetrafi-RS estão em tratativa com o banco para que seja cumprida a cláusula 21 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), ao qual o Banrisul aderiu, em complemento à cláusula 61 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A referida cláusula trata dos mecanismos de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho, porém até hoje o banco não criou um canal de mediação com as entidades.
Integrante do Comando dos Banrisulenses, a diretora da Fetrafi-RS Raquel Gil de Oliveira comenta que, quando o movimento sindical conquistou a cláusula 21, foi com o entendimento – confirmado por pesquisas feitas entre a categoria – de que as mulheres que sofrem assédio na maioria das vezes não denunciam por acreditar que os responsáveis não serão punidos, o que acaba fortalecendo a cultura do assédio. “Entendemos que, ao cumprir a cláusula 21, o Banrisul pode, em conjunto com a representação sindical, contribuir para realmente mudarmos essa infeliz cultura assediadora, que não condiz com uma sociedade e com empresas que prezam por respeito mútuo e por um mundo mais justo”, destaca.
A secretária-geral do SindBancários, Silvia Chaves, fala que a notícia do desligamento por justa causa foi recebida como um processo inicial de efetivo cumprimento de ações contra assédio. “A partir dessa demonstração de que o banco realmente investigou e tomou as medidas necessárias, esperamos que o canal de denúncias de assédio sexual, para tratar de forma confidencial, seja efetivado. Independente do canal do banco, temos o nosso canal ‘Basta’ e ficamos à disposição para acolher as colegas”, salienta.
Para a diretora de Formação do Sindicato, Itamara Brum, é importante a conscientização institucional sobre situações como essa, que culminou no número de denúncias relatadas. “Está sendo implementada uma comissão sobre gênero com membros do Banrisul, SindBancários e Fetrafi para discutir as melhores formas de tratar sobre o tema, inclusive a questão de assédio sexual”, ressalta.
O SindBancários integra o projeto chamado “Basta! Não irão nos calar”, de assistência a mulheres vítimas de violência doméstica e assédio sexual. O atendimento é sigiloso e com equipe 100% feminina, treinada para garantir a privacidade da mulher. Denúncias podem ser encaminhadas ao Sindicato da capital pelo WhatsApp (51) 97401-0902.
Fonte: Imprensa SindBancários-POA