O trabalho bancário das últimas décadas vem colocando desafios para o movimento sindical e profissionais da área de saúde mental. Há um adoecimento generalizado na categoria e as intervenções pontuais não estão sendo capazes de prevenir o agravamento da situação.
Embora a categoria bancária esteja despontando dentre as mais medicadas, desfechos trágicos como suicídios não estão diminuindo. A explicação para esse fenômeno é que, apesar de bancários e bancárias estarem sendo tratados de forma individualizada, quem está doente é o banco.
Um levantamento feito pela Universidade Federal de Brasília (UNB) aponta que entre 1996 e 2005 foram registrados 181 suicídios no setor bancário, o que significa um caso a cada 20 dias. De acordo com relatório da OIT/OMS, os transtornos mentais e comportamentais são a principal causa dos afastamentos entre os bancários, chegando a 25% do total em 2022, o dobro do que era dez anos antes.
A Conferência Livre de Saúde "Adoecimento & Trabalho Bancário: a função antissocial dos bancos" busca reunir subsídios para demonstrar que muitos dos motivos determinantes do adoecimento generalizado da categoria estão no modelo gerencial do sistema financeiro brasileiro.
A proposta é mostrar como a violação a princípios constitucionais e legais, sobretudo aqueles estampados na Constituição de 1988 e na Lei 8.080/1990, tem permitido a institucionalização de práticas de exceção na gestão dos bancos, com repercussões contundentes na saúde mental da categoria.
Por conta disso, através de um diálogo interdisciplinar e intersetorial, a Conferência tem como meta resgatar os laços que unem a função social da propriedade e o respeito aos direitos humanos, com a garantia de políticas de saúde mental que promovam, protejam e recuperem a saúde no âmbito das relações laborais.
"Precisamos renovar nossa forma de compreender a saúde mental e o papel que a violação de diretos desempenha no adoecimento. Os bancos hoje são laboratórios de violência psicológica. Milhares de bancários e bancárias se afastam do trabalho todos os anos em razão das práticas assediadoras dos bancos. Mas esse ônus não recai apenas sobre os trabalhadores e suas famílias. Toda a sociedade arca com as consequências de os bancos não só não cumprirem uma função social, como além disso desempenharem uma verdadeira função antissocial na sociedade", analisa André Guerra, psicólogo e assessor técnico do Departamento de Saúde do SindBancários Poa e Região e da Fetrafi-RS.
PROGRAMAÇÃO
13h30h
Abertura: A Importância das Conferências de Saúde Mental para a Classe Trabalhadora
Jamile Chamun (Diretora de Saúde do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região
Raquel Gil (Diretora Saúde Fetrafi-RS)
Mauro Salles (Secretário de Saúde Contraf-CUT)
14h - Roda de Conversa: Adoecimento e Trabalho: a função antissocial dos bancos
Maria Maeno (Médica, Doutora e Mestre em Saúde Pública, pesquisadora da Fundacentro)
André Guerra (Psicólogo, Doutor e Mestre em Psicologia Social e Institucional, Assessor técnico do Departamento de Saúde do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e Fetrafi-RS)
15h - Propostas para Conferência Nacional de Saúde
Representantes das Federações dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras
16h - Eleição dos/as delegados/as
17h - Encerramento e leitura da Conferência
Fonte: Sindbancários-POA